29 janeiro 2006

Terapia Ocupacional

O trabalho é mau, desmotivante, entediante, limitador mas ao menos cria uma falsa sensação de utilidade, quanto muito porque muita da gente que está à volta partilha da mesma frustração, afinal uma cumplicidade sempre ajuda a minimizar males comuns. O trabalho é tão somente um objectivo global para uma comunidade exorcizar os seus males em conjunto, e manter baterias apontadas a essa coisa que cruel que come criancinhas ao pequeno almoço, como em tempo de guerra quando se personifica os maiores demónios no inimigo. E assim, com toda esta raiva dirigida e cuidadosamente controlada, as pessoas vão vivendo as suas vidinhas com algum significado.

O trabalho não educa, o trabalho não enriquece o espírito e a mente, o trabalho é tão só a porcaria de uma terapia ocupacional.

Noutros tempos era diferente, para além do trabalho havia a religião, esse ATL milenar, e tudo era tão mais simples: ou se estava a trabalhar de sol a sol, seis ou sete por dias por semana, ou se estava fechado num buraco escuro curvado perante um qualquer objecto (e em apenas uma frase resumi todas as religiões do mundo).

Trabalho, rezar o terço, oraçãozita e jantar, estudar as escrituras, rezar e dormir; era uma vida plena e sem espaço para mais nada, e que bons tempos eram... Nessa altura era tudo tão mais simples, previsível e aconchegador, a vida era algo perfeitamente delimitado.
Hoje há lutas laborais que baixam o horário de trabalho a níveis ridículos e um universo racionalista, capitalista e consumista que ataca as fundações de quase todas religiões organizadas. Hoje há escolha, há opções em todo o lado, há liberdade de pensar, raciocinar e decidir um caminho; mas ninguém quer escolher, toda a gente que que lhes mostrem o caminho, a liberdade e a verdade são dolorosas...

Malditos sindicalistas, maldita ciência, odeio-os a todos!

Acho que me vou juntar a uma seita, não me importo de abdicar da minha consciência e ter de usar uma roupagem estúpida por um falso sentido da vida...

Sem comentários: