30 janeiro 2006

Completamente atípico...

Um fim-de-semana completamente atípico: neve em Lisboa e um Benfica a jogar à Sporting...

29 janeiro 2006

Como a neve pode marcar uma infância...

Eu tenho uma recordação reprimida desde os meus tempos de infância: um dia, tinha chegado da escola primária, vejo no telejornal que no dia seguinte iria nevar em todo o país. O dia seguinte passei-o com a cabeça a olhar para o céu, à espera que caísse o primeiro floco de neve, o que obviamente não veio a acontecer; não bastava não ter nevado como, ao fim do dia, vejo nas notícias que tinha nevado em quase todos os outros sitios do país, como no Alentejo. A partir desse dia perdi toda a fé nos homens do tempo, mesmo que hoje já saiba porque muito dificilmente haverá de nevar em Lisboa.

Hoje essa mesma recordação voltou para me assombrar...

[Update] OK, acabou por nevar em Lisboa. Agora estou em paz com o passado.

Terapia Ocupacional

O trabalho é mau, desmotivante, entediante, limitador mas ao menos cria uma falsa sensação de utilidade, quanto muito porque muita da gente que está à volta partilha da mesma frustração, afinal uma cumplicidade sempre ajuda a minimizar males comuns. O trabalho é tão somente um objectivo global para uma comunidade exorcizar os seus males em conjunto, e manter baterias apontadas a essa coisa que cruel que come criancinhas ao pequeno almoço, como em tempo de guerra quando se personifica os maiores demónios no inimigo. E assim, com toda esta raiva dirigida e cuidadosamente controlada, as pessoas vão vivendo as suas vidinhas com algum significado.

O trabalho não educa, o trabalho não enriquece o espírito e a mente, o trabalho é tão só a porcaria de uma terapia ocupacional.

Noutros tempos era diferente, para além do trabalho havia a religião, esse ATL milenar, e tudo era tão mais simples: ou se estava a trabalhar de sol a sol, seis ou sete por dias por semana, ou se estava fechado num buraco escuro curvado perante um qualquer objecto (e em apenas uma frase resumi todas as religiões do mundo).

Trabalho, rezar o terço, oraçãozita e jantar, estudar as escrituras, rezar e dormir; era uma vida plena e sem espaço para mais nada, e que bons tempos eram... Nessa altura era tudo tão mais simples, previsível e aconchegador, a vida era algo perfeitamente delimitado.
Hoje há lutas laborais que baixam o horário de trabalho a níveis ridículos e um universo racionalista, capitalista e consumista que ataca as fundações de quase todas religiões organizadas. Hoje há escolha, há opções em todo o lado, há liberdade de pensar, raciocinar e decidir um caminho; mas ninguém quer escolher, toda a gente que que lhes mostrem o caminho, a liberdade e a verdade são dolorosas...

Malditos sindicalistas, maldita ciência, odeio-os a todos!

Acho que me vou juntar a uma seita, não me importo de abdicar da minha consciência e ter de usar uma roupagem estúpida por um falso sentido da vida...

28 janeiro 2006

Aquele longo espaço de tempo entre a sexta-feira à noite e segunda de manhã...

...A que alguns chamam fim-de-semana.

É tão deprimente, em especial no Inverno onde tudo é mais sombrio. As paredes apertam, o tempo lento a passar aperta, tudo parece querer aumentar uma agonia lenta, como se já não fosse suficiente mau estar dois dias completos a estupidificar.

E pior ainda é ter gente por perto, e ter de fingir uma normalidade absurda...

27 janeiro 2006

O' Sailor

Um gajo ainda vai tendo destas alegrias. O novo álbum de uma menina chamada Fiona Apple finalmente viu a luz do dia, sob o nome de "Extraordinary Machine", após um enorme hiato em que quase se pensou que nunca iria ser lançado.

Ainda é bom ver que há gente original num universo musical onde tudo é cada vez mais igual...

PS - E com isto tudo é quase fim de semana...



o que está a sair dos fones: Fiona Apple - "O' Sailor" [Extraordinary Machine]

22 janeiro 2006

Frase do dia

"Enquanto há vida há desespero"
Samuel Beckett


Às vezes é impressionante a facilidade com que uma pessoa arranja coisas com que atrofiar...

19 janeiro 2006

O entusiasmo dos outros

Ultimamente noto que tenho alguma dificuldade em lidar com a felicidade dos outros, não por querer obrigar toda a gente a ser sombria, com eu julgo que sou, nem por se tratar de um qualquer tipo de inveja por um estado de espírito que quereria para mim. É apenas pela mera diferença, tão simples quanto isso, e a minha dificuldade em forçar um outro estado de espírito que não aquele que tenho numa dada altura.

Por isso, meninas grávidas, casais recém engatados ou outras pessoas que subitamente tiveram algum tipo de iluminação divina, ainda que passageira, o facto de eu não partilhar o vosso entusiasmo não é nenhum ataque pessoal!

18 janeiro 2006

Meter a cabeça na areia...

Pode parecer infantil, mas às vezes a melhor maneira, pelo menos aparentemente, para resolver problemas é ignorá-los, fingir que não estão lá e esperar que desapareçam.

Mas desta vez a minha mãe não parou de tossir...

16 janeiro 2006

Portugal e os Portugueses...

Ainda há bocado alguém me disse isto:
“Podem tirar um português de Portugal, mas não Portugal de um português!”


Isto é bem verdade, para o bom e para o mau...

15 janeiro 2006

O Estrangeiro

Durante muito tempo acreditei que falava uma língua diferente de toda a gente à minha volta, mas hoje acho que isso era bastante pretencioso, afinal soa a amigos imaginários e desordens de personalidade. Hoje em dia acredito que já não é assim, realmente falo a mesma língua que aqueles que me rodeam, mas em que as palavras têm significados contrários; como aquelas palavras inocentes em Portugal mas que não o são no Brasil, como se tivesse tido um background cultural diferente de toda a gente, o que não é necessariamente ser superior, e não perceba os sinais escondidos nas frases.

Cada vez mais me sinto um estrangeiro na minha própria terra...

PS - Esta última frase está desprovida de qualquer significado de extrema direita!!

Malucos do Riso

Nesse marco do humor português o escritório do director da escola é exactamente igual ao escritório do empresário e do ministro, será que já existe time sharing para este tipo de espaços?


14 janeiro 2006

Vassalagem...


Estava agora a ver o 60 Minutos. Não sou um fã incondicional do programa e por vezes dá ideia que, para compensar uma outra reportagem onde pisam os calos ao Tio Sam (como as recentes sobre os raptos de pseudo-membros da Al Qaeda), têm de passar de vez em quando coisas que são autêntica propaganda americana.


Mas o que me irrita mesmo, e isto acontece desde que o programa é emitido, é no final o Mário Crespo vir aquela ladaínha que inclui a fabulosa frase:



"(...) A excelência do jornalismo televisivo da CBS (...)"



Não sei se no contrato a SIC é obrigada a isto ou se tentam elevar o programa aos píncaros, para depois dizer que têm o exclusivo para Portugal, mas esta vassalagem semanal à CBS é deveras irritante...

13 janeiro 2006

Redacção do dia

Redacção:

"O mano"

Quando eu tiver um mano vai-se chamar Herrare,
porque Herrare é o mano.
Eu vou gostar muito do meu mano.

Fim.

06 janeiro 2006

A beleza da comunicação online...

Reparei há dias que tenho mais de cem contactos de messenger, se bem que que uso um programa que agrega vários serviços (MSN, ICQ, Yahoo, etc.) e que já há alguns anos que uso estas coisas, ainda assim é impressionante.

Mais impressionante é que, dessas cem pessoas, apenas falo regularmente com três ou quatro, algumas não sei quem são e outras nem sequer me respondem...

...Então, para que é que quero esta porcaria??!!


PS - As minhas sinceras desculpas a quem tinha comentado o post original, que eu inadvertidamente apaguei...

03 janeiro 2006

Um certo aborrecimento...

O juíz levantou-se então, como se quisesse significar que o interrogatório acabara.
Perguntou apenas, com o mesmo
ar um pouco fatigado, se estava arrependido do meu acto. Meditei e disse que, mais do que um verdadeiro arrependimento, experimentava um certo aborrecimento. Tive a impressão que não me compreendia. Mas nesse dia, as coisas não foram mais longe.

Albert Camus - "O Estrangeiro"

01 janeiro 2006

O passeio dos tristes

Neste dia de Ano Novo fui à procura de tabaco e café a um dos poucos sítios que poderia estar aberto: um shopping.

Estava aberto, mas a meio-gás apenas com a zona de restauração aberta. O mais chocante é que se encontrava cheio, com as pessoas a olhar com um ar esgazeado as montras fechadas ou sentadas nos sofás que se encontravam espalhados no recinto: a típica voltinha dos tristes de domingo. Fiquei particularmente abismado com uma família típica a olhar para os acessórios de uma loja de roupa e a comentar, nem sequer era para a roupa propriamente dita mas sim para um quadro e um candelabro.


Ao menos num domingo normal ainda há a ilusão que as pessoas vão lá para comprar algo e não apenas andar vaguear nos corredores, se bem que é mesmo uma ilusão.


Entretanto não arranjei tabaco, tive que cravar um cigarro a alguém, que me fez uma cara de quem tinha-se separado de um ente querido, para beber o meu primeiro café do ano. Que cenário mais deprimente...