Nos Grandes Portugueses hoje é dia de documentário sobre Álvaro Cunhal, e quem escolhida para o narrar senão a única Odete Santos. É notável o espírito de militância demonstrado, o modo como os olhos brilham quando menciona o saudoso líder, como a voz treme quando fala no seu exílio ou como a cara se fecha por causa da PIDE, sem dúvida um espírito de dedicação à causa louvável. Não sei se um dos objectivos destes documentários é a imparcialidade, mas enquanto ouvia a deputada só me ocorria uma imagem da Guerra Fria onde uma menina, com grande empenho, exaltava o pai dos povos: Estaline.
E pelo meio aparecem algumas pérolas: a ênfase dada à tese final de curso que, com um sentido de oportunidade impressionante, era dedicada ao aborto (campanha pelo Sim paga pelos contribuintes diriam alguns), ou a referência a Mário Soares como membro do Partido Comunista. Continuo a acreditar que, para os comunistas, já foram conseguidas duas vitórias neste ranking: colocar Álvaro no top ten, algo que o lobbie dos Morangos com Açucar não conseguiu com o seu actor, e, ainda mais importante, conseguir que Mário Soares ficasse atrás. Agora, para acabar em beleza, só falta ficar à frente do Salazar, isso seria ouro sobre azul...
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